“É preciso conhecer a História do Brasil a partir do legado africano”
(Eduardo de Oliveira, doutor em Educação).
O 20 e novembro é celebrado em todo país para homenagear Zumbi dos Palmares. resgatando a História que nos faz entender a Lei Federal 10. 639/2003 que alterada pela 11.645/2008 estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no Currículo escolar, a obrigatoriedade da História e da Cultura Afro-Brasileira e Indígena no Ensino Básico. Assim o 20 de novembro é incorporado no Calendário escolar, como dia a ser comemorado e desenvolvido em todas as Instituições Educacionais públicas e privadas, em todos os níveis de ensino.
A memória histórica nos ajuda a entender a resistência e as lutas de Zumbi, dos palmarinos (negros, brancos, indígenas) por uma vida digna no maior Quilombo do século XVII – o Quilombo de Palmares, entre Alagoas e Pernambuco. Nos ajuda a entender também os traumatismos de toda a sociedade brasileira, e a consciência negra é conhecer e valorizar para reescrever a História e a Cultura de nossas raízes, da África dos africanos (as) e indígenas. Assim contribuímos para melhorar nossas relações étnico-raciais, de gênero e de classe social que aperfeiçoa nossa jovem democracia. Além do mais eliminar os inúmeros preconceitos e as desigualdades sociais que prometem avançar, neste momento de turbulência política.
Consciência negra é também contribuir com a democratização dos meios de comunicação, para que todas (os) tenham voz e vez nas decisões em todos os espaços de participação e poder. Consciência negra é possibilitar uma educação de qualidade, multicultural, libertadora e popular para a democracia e para os Direitos Humanos e uma saúde com viés de gênero, etnia e classe. Consciência negra compreender o que um golpe de Estado é capaz de fazer.
Assim o 20 de novembro, para contrapor o 13 de maio é dia de celebrar, homenagear e não folclorizar Zumbi e o povo negro, mas é também dia de luta contra o racismo, o machismo, escravismo, homofobia, o ódio de classe e outras intolerâncias correlatas, que nada contribui com o processo civilizatório do nosso país, pois é com a diversidade que se constrói uma sociedade mais justa.
Neste 20 de novembro é bom lembrar também que vivemos um desastroso retrocesso, causado por um golpe tragicômico, tendo a corrupção centenária como pretexto de uma elite capitalista, oligárquica de direito divino e um Congresso conservador fundamentalista, que rasgou nossa Constituição cidadã de 1988 para instalar um governo traidor, imoral, ilegal, ultraconservador, neoliberal, ditador, repressor, requentado dos anos 90. Haja vista a farsa pior do que a tragédia, a degradação das instituições e a extinção das áreas de direitos sociais, onde a população negra é a mais prejudicada, com a ordem e progresso da Casa Grande.
E agora Zumbi? Passados 321 anos de seu covarde assassinato e muito sangue dos palmarinos por uma sociedade justa e democrática e ainda aqui no século XXI – em 2016, resistimos mais um golpe de Estado midiático, espetacularizado e jurídico de nossa História, que destrói as conquistas sociais de quase 100 anos.
Mas neste 20 de novembro, para homenagear Zumbi, dizemos que sua força está presente em nossas lutas, ele é um símbolo, primeira referência do povo brasileiro, herança de coragem permanente por uma sociedade mais humana e democrática.
Valeu Zumbi! Valeu Dandara!
E muito Axé para todas e todos que resistem a tanta barbárie explícita, principalmente para os estudantes e profissionais da Educação e da Saúde em defesa do povo brasileiro e da democracia.
Prof.ª Joana Darc Faria de Souza e Silva
Especialista em História, Arte e Cultura afro-brasileira e indígena.
Secretária de formação política do PT de Toledo/PR.